terça-feira, 30 de novembro de 2010

Um "véio" pra lá de boa gente...

por Louise Berlanga


"Da luta não me retiro... Me atiro do alto e que me atirem do peito.
Da luta não me retiro nunca!" (O Teatro Mágico)

Quem passa à noite aos arredores do Senac Piracicaba, no horário do intervalo das aulas, se depara com uma figura simpática, notada até mesmo de longe. Os alunos em volta do senhor Rodolfo Ferracioli, o Véio, de 63 anos, disputam seus salgados e refrigerantes. Ele geralmente volta para casa com o carrinho vazio.

Um fato curioso é que de onze irmãos e uma irmã, seu sobrenome é o único a ser escrito com um l só. Erro de cartório, afinal, todos erram. Desses irmãos, quatro já são falecidos, mas Véio prefere apenas se recordar dos momentos bons vividos juntos. Faz questão de não se lembrar de datas e muito menos dos motivos pelos quais vieram a falecer.

Teve três filhos em seu primeiro casamento: Rosa Cristina Ferracioli, hoje com 35 anos, Rodolfo Jesus Ferracioli, com 32 anos (“Preferi Jesus a Junior”, disse sorrindo), e Frederico Bibiano, assassinado aos 30 anos de idade. Não explicou o motivo do sobrenome diferente, apenas deixou claro que ele foi morto porque “mexia com coisas ruins”, se referindo a entorpecentes em geral. “Esse filho eu prefiro embaixo da terra, era ruim e tranqueira como a mãe”. Lamenta em parte ter uma relação restrita com os outros flhos, pois a influência da mãe é muito forte e isso o afasta deles.
Louise e seu "véio" amigo gente boa

Já do segundo casamento, tem uma filha que, pelo modo de falar, parece ser a menina dos seus olhos. Roberta Carolina Ferracioli tem 21 anos, 1,80m de altura, é muito agarrada ao pai de quem tem muito ciúme e pelas palavras de pai, assim como todo pai orgulhoso, “é linda”. Ainda completa: “Que pai que não acha sua filha linda, né?”.

Sua história no Senac começou há 13 anos. Véio já vendia salgados em algumas lojas do comércio da cidade. Uma de suas clientes, que na época dava aulas na Unidade Benjamin do Senac, sugeriu que ele fosse vender seus quitutes no local, uma vez que no horário de intervalo das aulas, não havia opções boas por ali.

No primeiro dia, conta que não vendeu absolutamente nenhum salgado. Já no segundo dia, vendeu um pouco e daí em diante, as vendas só aumentaram. Com o aumento das vendas, Véio também aumentou suas amizades. Orgulhoso, diz que no Senac conheceu vários amigos, entre alunos e funcionários. Mas sua esposa o ajuda a preparar todos os salgados em casa, manualmente. Enquanto ele abre a massa cuidadosamente, ela preenche com os recheios variados. Na hora das vendas, algumas vezes, sua família o acompanha. Muito alegre, simpático, diz que gosta sempre de brincar com sua clientela, mas sempre mantendo o respeito. Brinca sempre, mesmo quando sua esposa está junto, assim ele mantem o bom convívio com os alunos e funcionários do Senac.

Já nos momentos de tranqüilidade, que são aos sábados e domingos, Véio gosta de trabalhar em sua marcenaria, reformando móveis. É o lugar onde consegue se distrair. E foi justamente nesse lugar onde aconteceu um pequeno acidente há quase dois meses, enquanto mexia numa gaiola. Quando percebeu, cortou dois dedos com a serra elétrica e precisou de cinco pontos em cada. Ainda hoje sente como se os dedos estivessem amortecidos, dificultando em alguns momentos seu trabalho.

Véio não costuma se atrasar para ir embora. Sempre espera os alunos voltarem para as aulas e parte a pé com seu carrinho, seguindo pela ponte, já que mora bem perto da escola. Nesses treze anos, foi assaltado apenas duas vezes mas ainda assim, prefere ficar receoso. É um número pequeno para quem faz o mesmo caminho há mais de uma década.

Com a aparência frágil, delicada, mas com a personalidade forte, simpática, extrovertida e jovial, não há quem não se encante com seu Rodolfo. Não há quem não queira comprar os salgados do Véio pela simples vontade de compartilhar cinco minutos de sua conversa boa e animada. Assim, é fácil encantar-se com a simplicidade de pessoas boas de alma como a dele...

Corrigir erros: decisão acertada

por Érico San Juan

De caneta vermelha em punho e dois diplomas na parede, Adriana Patrício dedica-se a seu trabalho de revisora 


O primeiro erro que Adriana quis corrigir na vida foi o próprio sobrenome: Patrício. Para seus colegas de escola, a menina que sentava na última carteira da classe “não tinha sobrenome”. Alta e magra num tempo em que Gisele Bundchen sequer despontava no horizonte, a estudante empenhou-se em ser a "melhor aluna média" de sua classe (“Nunca tirava dez nas provas, só oito ou nove”). 


Após completar os centímetros que faltavam em sua estatura, ao mesmo tempo em que concluía a faculdade, Adriana adotou uma profissão que rende fortunas aos fabricantes de canetas vermelhas: a revisão profissional de textos.

Érico em sua árdua missão de descrever
nossa revisora Adriana (ao fundo)
De nome tão comprido quanto sua estatura, Adriana Maria Jorge Patricio (“com acento no I, segundo a regra”, diz ela) cresceu com a pressão amigável para que se tornasse advogada. Era o ofício de suas tias por parte de pai, um bancário aposentado. 


A mãe, que ainda trabalha num cartório, esbarrou na discreta resistência da filha em seguir o caminho das leis: “Até hoje ela teima que eu faça um concurso público”.


Apesar de ter saído da PUC de Campinas com dois diplomas – bacharelado e licenciatura em Português e Inglês – e atender clientes em cidades como Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, Adriana diz que seu irmão, procurador de trinta e três anos, é a “inteligência excepcional” da família: “Eu sou normal”. 


Orgulhosa, a mana desfila os méritos do mano prodígio. Aos dezoito anos, ele galgou o pódio em vários vestibulares: primeiro lugar na PUC em Campinas, segunda colocação na Unimep em Piracicaba, quinta pontuação na Unesp em Franca. O vigésimo lugar do irmão no vestibular da USP ela comenta em tom de brincadeira: “Nesse ele foi piorzinho...”.


A irmã do papa-vestibulares, em sua fase de encarar o dilema da escolha de curso, calculou o óbvio: não encararia profissões que a obrigassem a realizar cálculos. “Nas matérias de Física e Química, sempre passava com sufoco”. Acabou optando por Letras, um curso mais adequado a uma aluna exemplar de português


O desejo de trabalhar com revisão de textos ganhou força com a decisão de abandonar os postos de professora de inglês e de secretária bilíngue, “área pela qual não tenho o menor apreço”, diz a dona de um vocabulário assustador aos que não têm apreço a dicionários.


O empurrão inicial para a profissão diferente veio pelas mãos de um editor em Campinas, que apostou na novata formada em Letras. Em Americana, cidade-natal da agora free-lancer, recebeu o empurrão que faltava, de uma antiga professora de ensino médio.


Se o boca a boca espalha ao mundo as virtudes de uma revisora feito Adriana, garantindo sua sobrevivência, a língua afiada da profissional aponta as falhas mais comuns a quem coloca palavras no papel. “Erros de acentuação lideram a lista, ainda mais com as confusões geradas pelo desconhecimento da nova ortografia.” 


As concordâncias verbal e temporal também costumam sofrer maus-tratos na sua aplicação. “Em um livro, por exemplo, é comum a pessoa começar a contar algo no presente, depois passar para o passado e terminar no futuro”.


A dedicação ao trabalho, que exige disciplina e concentração absolutas para as correções nos textos, não impede Adriana de levar uma vida até certo ponto normal. Nas conversas entre amigos, por exemplo, ela se controla para não fazer dos papos um jogo dos sete erros. “Se um amigo fala: "estou soando muito com esse calor", eu não vou interrompê-lo e dizer: "quem soa é sino, você está suando".

Enquanto limpa o suor derramado pela maratona diária, Adriana acalenta o sonho de trabalhar numa editora. Faz mistério sobre um provável livro de sua autoria: “Deixa para uma próxima matéria...” O que não a impede de encerrar a conversa com uma frase de efeito. “Se o futuro a Deus pertence, nada cai do céu, não é? Temos que correr atrás”, diz, revisando o velho ditado.

Letras e Jornalismo juntos

por Adriana Patrício

Meu nome é Adriana, sou de Americana/SP, tenho 27 anos e sou formada em Letras (Português/Inglês), pela PUC Campinas. Atualmente, sou revisora e tradutora de textos, uma das muitas áreas que o curso de Letras permite com que eu trabalhe. Quando fui prestar vestibular, fiquei em dúvida entre Jornalismo e Letras, por conta da paixão pela escrita e pela leitura, mas escolhi a segunda opção, pois, além de tudo, eu poderia dar aulas (tenho bacharelado e licenciatura em Língua Portuguesa e Inglesa).

Adriana relatando sua luta diária na revisão
dos textos e na busca pelo reconhecimento
de sua profissão
Desde que me formei, em 2004, já trabalhei como professora de inglês, secretária bilíngue e, finalmente, revisora e tradutora de textos. Meu objetivo sempre foi a área de revisão de textos, mas as oportunidades que apareceram ao longo dos anos acabaram por me distanciar um pouco de minha meta.

Comecei a trabalhar efetivamente como revisora há quase dois anos, quando enviei um e-mail para uma editora em Campinas, pedindo um “auxílio” no meu ingresso ao mundo editorial, visto que eu não tinha experiência na área, apenas trabalhava como freelancer, de maneira bastante informal. Tive sorte em me deparar com um editor que acreditou em meu trabalho, mesmo sem conhecê-lo, e me deu uma oportunidade. Fiquei quase um ano na editora e aprendi muito.

Aos poucos, apareceram mais trabalhos – monografias e artigos para revistas – e então resolvi trabalhar por conta própria, assim eu não precisaria viajar todos os dias, sobretudo porque a cidade de Campinas (em especial, a Rodovia Anhanguera) me saturou um pouco. Tenho muito mais afinidade com Piracicaba, onde também tenho parentes.

Apesar de não ter feito Jornalismo, sempre encontrei tempo e disposição para escrever – tanto em blogs quanto em arquivos “secretos”. Hoje, por conta do meu trabalho, leio muito e já não tenho tido muito tempo para me dedicar à escrita tanto quanto eu gostaria. Sempre quis trabalhar em uma redação de revistas, como revisora mesmo e, por que não, como colaboradora também, mas sei que as oportunidades na região são um pouco limitadas na minha área. Envio currículos frequentemente e consigo alguns trabalhos frilas, mas ainda não me considero completamente realizada.

O trabalho de um revisor nem sempre é valorizado. Muitas pessoas acham que não é preciso contratar alguém para corrigir o Português. No entanto, revisar um texto vai muito além apenas da correção ortográfica. Assim, com o objetivo de conseguir um bom emprego e valorizar cada vez mais o trabalho de um revisor, sigo nessa luta diária, me especializando ao máximo.

Eu e meu texto

por Pamela Peruzzi

Sou Pamela Peruzzi, tenho 28 anos, publicitária de formação e apaixonada pela vida.

Com uma carreira não muito linear, comecei minha trajetória em um escritório de contabilidade. Meus pais são contadores e praticamente nasci no meio dos livros-caixas e fiscais.

Apesar de um pouco tímida, sempre gostei da área de comunicação, de artes e leitura. Cheguei ao curso de Publicidade depois de ter feito um curso de web designer no Senac. Achei que amava criação, hoje, corro do Coreldraw e de todos os jobs que envolvam apenas criação.

Atualmente, digo que sou publicitária de boca cheia, pois, para chegar aonde estou, penei muito. Após anos dentro de um escritório de contabilidade, um estágio me libertou. No terceiro ano de faculdade, fui trabalhar em uma multinacional, uma metalúrgica, mas como toda empresa cheia de regras, não consegui criar muito e me comuniquei pouco. Com a faculdade, o contrato do estágio terminou. Fui trabalhar em outra empresa, dessa vez uma gráfica e editora, fiz um pouco de diagramação e criação de capas e cartões. Logo quem? Eu! Durante toda a faculdade prometi que ficaria longe do Photoshop e outros programas gráficos.

Pâmela descrevendo sua conturbada relação
de amor e ódio com o Português 
Isso não se estendeu por muito tempo, uma nova oportunidade e uma experiência surgiram. Outra metalúrgica, parecia até um carma. Aceitei, pois acreditava que  uma área de marketing seria criada. Pura ilusão. A única coisa que fazia de marketing era organizar uma pequena feira, de um estande de 15 m₂. Às vezes, pensava que eles tinham confundindo o cargo de marketing com telemarketing.

Como nada é para sempre, depois de um caminho árduo, chegou a minha vez. Entrei em uma agência e posso dizer que estou amando. Sou responsável pela conta de uma empresa na área de agronegócio na qual faço a organização de feiras, assessoria de imprensa e publicações no site. Faço completamente tudo, menos, adivinha o quê? Criação!

Procurando aprender escrever melhor e atualizar-me na área, aqui estou. Afinal, confesso, amo ler, mas fico tão atenta às historias e envolvidas nos romances que acabo esquecendo de ver como se escreve corretamente. Sabe, sempre gostei muito de literatura, mas brigava com as aulas de gramática e concordâncias. Acento? Acento até hoje é um mistério para mim e a crase é uma gracinha, mas quando usa mesmo? Para ajudar, houve a recente Reforma Ortográfica.

Apesar de gostar muito de escrever, tenho esse pequeno probleminha: o de tentar escrever corretamente. Minha paixão pela escrita começou aos 12 anos, quando ganhei meu primeiro diário. Pratico esse exercício até hoje. Minha irmã e amigas dizem que escrevo bem e morrem de rir com meus e-mails, mas sinto que falta alguma coisa.

Assim é meu texto, escrevo do meu jeito, tento passar a informação de uma forma direta e leve. Escrevo para que a pessoa não se canse de ler e que, quando chegue ao final, tenha a seguinte sensação: "Já acabou?”

Novos horizontes

por Sueli de Oliveira

Novamente estou diante da tarefa de descrever quem sou. Iniciei diversos cursos ao longo da minha existência e nunca gostei de tal tarefa. Embora todo começo de ano letivo cobre este trabalho dos meus alunos. Coitados. Vejo nos olhos deles a antipatia por mim neste momento.

Sueli descrevendo suas espectativas
para a nova vida
E concordo com eles: não é muito agradável descrever a si mesmo. Porém, se a tarefa é esta vou tentar realizá-la da melhor maneira possível. Aliás, acabei de começar a falar de mim, costumo mesmo fazer tudo da melhor maneira possível, o que inclui agradar a todo mundo. Nossa! Isso não é nada fácil, mas no final do dia a sensação de leveza em não ter criado nem dado vazão a nenhum atrito é muito boa e vale a pena.

Sobre o que já passei em minha vida, e mantendo o foco nos bons acontecimentos, começo por dizer que tenho dois filhos maravilhosos. O mais velho adora futebol e frequentemente me leva a arquibancadas de campos de futebol – não tão animada quanto ele – para assisti-lo jogar. Só vou por que mãe é mãe... Por outro lado, o mais jovem me faz ir a teatros. Ele faz oficina de teatro e gosta de prestigiar a arte. Passeios assim alimentam a minha alma.

Hoje, inicio um curso e espero que meus horizontes se estendam. Além do curso, estou iniciando uma nova vida que provém do final de um casamento de treze anos. Agora e sempre decidi não viver mais a vida de ninguém, já dei os primeiros passos como fazer cursos de massagens e ajudar pessoas a serem mais felizes. Com o curso de Redação Jornalística, gostaria de ajudar as pessoas a se sentirem melhores de alguma forma.

Meu mundo em palavras

por Louise Berlanga

Louise, a amante das palavras
declarando seu amor pela leitura
Posso me definir como uma amante. Amante de textos, poesias, poemas e tudo o que possa envolver palavras e uma leitura completamente esplêndida. Até mesmo uma pesquisa sobre um assunto qualquer consegue prender minha atenção, pelo simples fato de ler e aprender.

Sou aquela típica mãe que adora ler para o filho, não apenas antes de dormir, mas a qualquer momento. Cada descoberta de meu filho é uma conquista para mim também. Ajudá-lo a falar, melhor então...

Gosto mesmo de dar livros de presente e fico horas e horas lendo versos de refrigerantes, bulas de remédios e qualquer pedaço de papel que tenha palavras reunidas. Sou muito autocrítica. Meu maior defeito é esperar muito de mim mesma. Se escorrego na gramática, tento me corrigir em segundos. E, claro, mentalmente, corrijo as pessoas que erram algo, tanto na escrita quanto na fala.   

No meu tempo livre, prefiro ler dois livros ao mesmo tempo, seja qual for o assunto tratado. Prefiro também ler blogs, sites, e aproveito meu tempo pra conhecer novos escritores, colunistas e blogueiros. Pretendo ser uma também. Se eu pudesse passar o dia inteiro escrevendo e lendo, lendo e escrevendo, seria uma realização. Sou do tipo romântica e sonhadora, e por causa disso identifico-me, e muito, com textos poéticos. Sites de relacionamento (Twitter e Facebook) servem para explorar outros pensamentos e praticar a escrita, de forma despretensiosa.

Filmes me ajudam a melhorar um lado cultural que me deixa anestesiada e encantada. E, se me deixar falar, falo sobre tudo e o tempo todo.

Meu texto ainda precisa melhorar, e como precisa. Mas nunca estou fechada para coisas novas. Pessoas experientes me fascinam. Novas experiências me fascinam. Novos tipos de leitura e escrita me fascinam. Pergunto assim que surge uma dúvida e se tenho vontade de escrever sobre algo, lápis e papel ainda são minhas ferramentas.

Não quero parar nunca, quero escrever sempre, nem que eu esteja ouvindo uma música e a escrevendo num canto de papel. Quero notícias e quero ter acesso a elas. Quero músicas e poesias para me encantar a todo momento. Quero livros e mais livros. Quero palavras.

Palavras que valem por uma imagem

por Érico San Juan

A primeira pessoa de quem mais gostamos no mundo não é pai, nem mãe ou irmão, muito menos irmã, amante, namorada ou patroa. É a gente mesmo, principalmente quando usamos a primeira pessoa num texto. E já que esse parágrafo começou com nariz de cera e corre o risco de acabar com nariz de palhaço, vou me apresentar.

Meu nome é Érico San Juan, tenho 34 anos. Sou natural de Piracicaba, com sotaque e tudo. No começo da minha vida, lá pelos seis anos de idade, ficava na mesa da cozinha atazanando a paciência do meu irmão mais velho, que tentava fazer a lição de casa.

Érico, perseguindo palavras, criando imagens
e nos comovendo com seu texto
Era um tempo pré-internet, em que a lição era escrita com lápis e borracha. Com os mesmos instrumentos, eu rabiscava uns garranchos que mais tarde chamaria de histórias em quadrinhos. Assim que tomei jeito e parei de atrapalhar meu mano, nos tornamos os primeiros alunos das nossas turmas. 

Para os tímidos que não tinham vocação para craques da bola, desenhar até que era um bom negócio. Escrever, então, era o paraíso. As palavras caíam bem no papel, menos na boca do garoto que tinha vergonha até de pedir à professora para ir ao banheiro. No entanto, com a palavra escrita, dava para ir ao banheiro, ao deserto do Saara, ao Nordeste, à Lua.

A companheira timidez ajudava na desova de gibis nas folhas de caderno, nas primeiras tiras publicadas em jornal, nas exposições de quadrinhos, nas primeiras oficinas de arte, na edição de livros e jornais de humor, nas caricaturas feitas em eventos e nos cursos para professores. No meio desse turbilhão, palavras datilografadas e depois digitadas sobre acontecimentos do dia a dia, artistas da canção, resmungos sobre a vida. Publicados em jornais, sites, livros e blogs.

Se uma imagem vale mais que mil palavras, o redator dessas linhas sempre perseguiu essas palavras para valorizar sua imagem. E gostou da brincadeira.

Como encontrei meu caminho

por Ana Carolina Miotto


Ana, uma apaixonada por artes
disposta a colorir o mundo   
“Garota de um belo universo paralelo cor-de-rosa, perdido nesse assustador mundo cinza”. É desse modo que um grande amigo meu, Maurício, sempre me descreveu. Porém, eu não posso concordar totalmente com sua afirmação, afinal, nunca gostei muito de rosa. Ao mesmo tempo, às vezes, eu realmente não me sinto em casa nesse universo, como se não pertencesse a ele. Isso eu posso afirmar com toda certeza. Sempre fui uma pessoa considerada “estranha” pelos coleguinhas de classe, não por ser tímida ou recatada, características essas que nunca fizeram parte da minha personalidade, mas por nunca gostar do que todo mundo gosta, por gostar do que ninguém gosta e, principalmente, por tentar sempre ser muito diferente das outras pessoas. Acho que foi assim que eu desenvolvi meu gosto pelas artes.

Cinema, música, artes plásticas e teatro. Acho difícil que exista alguém que não goste de arte, até por que ela é muito abrangente, sempre haverá um estilo ou uma forma que agradará a cada um de nós. O problema é que o estilo que eu gosto é muito restrito. Talvez esse gosto tenha se desenvolvido na minha árdua busca por diferenciação. Acontece que, ao me deparar com a terrível pergunta que aflige a maioria de nós aos 17 anos: “o que cursar no vestibular?!”, pensei no que eu gostava e a arte foi a primeira palavra que veio a minha mente.

Pensei em faculdade de música, de cinema, de artes plásticas ou de história da arte. Entretanto, optando por qualquer um desses cursos, eu eliminaria os outros automaticamente. Eu não poderia estudar música em uma faculdade de desenho, ou cinema em uma faculdade de artes plásticas. E, como eu sou mimada, queria todos. Outro fator importante levado em conta nessa decisão foi o fato de eu não ser uma artista, mas, sim, uma mera admiradora da arte. O que eu poderia fazer? Até que me ocorreu a brilhante ideia: jornalismo.

O que o jornalista cultural faz? Admira a arte. É isso que eu faço, por que não seguir por esse caminho? Não acredito que alguém possa dizer que a escolha que fez é sempre a mais correta, afinal, nunca sabemos para que o destino nos prepara. No entanto, tenho certeza de que não foi um erro. Não sei se estou totalmente feliz com o que estou fazendo, mas não tenho nenhuma intenção de mudar de caminho. Vou seguir em frente, deixando que o universo cor-de-rosa da qual pertenço, de acordo com meu amigo Maurício, me inspire a colorir esse triste mundo cinza.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Assuntando...

Olá, caros leitores! 

Bem-vindos ao Assuntando, blog oficial da primeira classe de Redação Jornalística do Senac Piracicaba. 

Nós, alunos: Ana Carolina, Adriana, Louise, Pamela, Sueli e Érico, e a nossa querida professora Alessandra, postaremos nossos textos e produções jornalísticas. 

Aproveitem! 
Nossa classe
A RISCAR                                                                          

Uma sinfonia afinada de talentos direcionada a entoar um universo de significados. Fazer jornalismo nessa equipe é pragmaticamente expor a realidade social através de relatos, notícias, crônicas, informações etc. Mídia de utilidade direcionada a você, leitor, exigente e sem tempo para leituras improdutivas. Levamos em consideração que o humor é importantíssimo meio de comunicação, por isso, ele compõe nossas páginas virtuais, tanto nas produções escritas como no layout das páginas a seguir.

Fatos deixam de ser simples acontecimentos quando tocam a sensibilidade dessa equipe. Sempre Assuntando aqui e ali, surpreendem a imaginação do mais astuto leitor.

Surgiu problema? Divulgamos. Resolver? Quem sabe Nossa Senhora do Factual?!