terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Inovando a Cachaça Mineira

por Pamela Peruzzi

No meio de uma turma agitada da Fatec (Faculdade de Tecnologia), na cidade de Piracicaba, o que parecia ser mais uma estudante universitária daquelas que além de uma formação superior também busca festas e curtições, aquela mineira de sotaque carregado e fala mansa era diferente. Com uma expressão carregada de saudade e patriotismo, ela se destaca em busca de um sonho.

A Cachaça chegou em Minas na época imperial durante a descoberta do ouro.Onde os trabalhos sobre as montanhas frias da Serra do Espinhaço  a cachaça vinha para amenizar as baixas temperaturas. Daquele tempo para cá parece que muita coisa não mudou, as técnicas continuam as mesmas, sem tecnologia e sem nenhuma preocupação de higiene.
A mineira Glênia Guimarães,  nascida em uma família de apreciadores da cachaça mineira,  veio para o Estado de São Paulo em busca de melhorias das técnicas da produção da cachaça para levar para o seu amado Estado.

Essa Jovem empreendedora do quarto ciclo do Curso de Biocombustíveis conta como é ficar longe da família em nome de um sonho e de uma profissão nada convêncional de sua época.

O que te levou a querer fazer um curso e escolher uma profissão diferente?
Glênia Guimarões - Na região em que eu moro existem muitos alambiques e grandes degustadores de cachaça, inclusive meus familiares. Sempre quis entender sobre a cachaça para conversar com degustadores. Quando descobri esse curso de Biocombustíveis caiu como uma luva pra mim, pois além de aprender sobre a cachaça  teria a oportunidade de atuar também na área de energia renovável e beneficiar o meio ambiente. Então a distância não foi um empecilho para mim.

Você diz que a distância não é um empecilho mas vejo que você sente muitas saudades de casa, como você lida com essa distância? Você acha que esse sacrifício vale a pena, ficar longe de família, amigos e namorado?
Glênia - Não tem como deixar de sentir saudades da minha terrinha amada, só indo lá pra saber como é. Mas mantenho contato diário com o pessoal e vou uma vez por mês para vê-los, e nessas poucas vezes me renovo com os ares e carinhos mineiros e volto pra Piracicaba com mais vontade de estudar e levar esse diploma para Minas.
É realmente um sacrifício, mas temos que renunciar a certas coisas de vez em quando, para um dia colhermos bons frutos. Infelizmente,  tive que ir longe para achar um curso de qualidade, mas tenho todo o apoio da minha família, amigos e namorado e quero colher os frutos desse sacrifício junto com eles e para eles.

O que você acha que está faltando na produção da Cachaça mineira?
Glênia - A cachaça mineira é muito famosa e bem quista em todos lugares que vou. Queria melhorar esta fama empregando novas técnicas de produção, como higiene, certificações de proteção ao meio ambiente, saúde e segurança aos fornecedores e consumidores. Na minha opinião é só o que falta pra nossa cachaça ser pioneira e reconhecida nacional e internacionalmente.

Então o sonho vai muito além de melhorar a cachaça mineira, você quer promovê-la pelo mundo?
Glênia- De início eu pretendo aplicar à cachaça mineira tudo que estou aprendendo na faculdade como forma de aprimoramento. Mas como ninguém dá um ponto sem nó, alcançar âmbito internacional não seria uma má ideia (risos).

A área é recente, o mercado é restrito, com riscos de não dar certo. Criatividade e inovação serão palavras de direcionamento da sua carreira. Você está preparada?
Glênia - No meu caso que vou voltar pra Minas, realmente a área é restrita. Porém, com grandes chances de crescimento e alta demanda de mão de obra especializada, é aí que eu entro. E mesmo correndo o risco de fracassar na minha escolha, estarei preparada para insistir na área e realizar o sonho da inovação da cachaça mineira. Afinal, comendo quietinha no meu cantinho eu boto pra quebrar, uai!










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