terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Vaca

por Sueli de Oliveira
Vaca, animal venerado na Índia, país de espiritualidade apurada e conhecida por Mahatma Gandhi, renomado idealizador da paz mundial.

Porém, no Brasil esse animal além de ser usado como alimento é também usado para tirar a paz.

O problema está no fato de espíritos de porcos encarnados usarem o nome do reverenciado bichinho para agredir... Do que estou falando?

Acordou bem cedo. O dia seria longo e cheio. Arrumar a casa, verificar os cadernos das crianças de casa. Separar material para os cadernos das crianças da escola.

À tarde começa o segundo turno e termina quando começa o terceiro à noite. E, hoje, o dia era diferente, não era apenas fazer aulas, mas tinha apresentação. O salão cheio de pessoas curiosas esperando apreciar o espetáculo. Aquele frio na barriga que não combina nada com quentura do rosto. Depois de uma apresentação vem outra e mais outra, está ficando próximo.

A coreografia...? Não lembra mais, se embaralhou junto ao medo de errar. Tenta ir embora, o parceiro de dança não deixa. Ensaiaram tanto, não é justo deixá-lo assim à porta do começo do show.

Meu Deus! e o rosto que não para de queimar.

Sueli narrando um triste episódio de sua vida  
E quando menos se espera tudo é tranqüilidade ao som envolvente do bolero, a única coisa de que não se lembra agora é do nervosismo. Abraça-me! E não me digas nada só abraça-me...


Está indo tudo bem, obrigada. É hora de ir embora. Chega à frente do carro e... Ela adora ler e não tem nada contra vacas, mas escrito com letras garrafais e profundas no capô do seu carro não caiu bem.

Lembra-se de que na chegada de sua apresentação foi abordada por um homem alto, moreno, bem vestido e bem educado até então. Ele está olhando os carros para que ninguém risque, roube o veículo ou algo dele. Quem contratou? Ele mesmo. Quem estipulou seu salário? Ele mesmo. Quem indica a hora de ir embora? Ele mesmo. “São R$ 5 por carro senhora e precisa acertar agora que eu vou ficar olhando o carro pra senhora” . “Pois é, mas agora é um tanto cedo demais,depois, assim que eu estiver indo embora a gente acerta.”

E tudo teria ficado bem se a vaca não tivesse ido parar no capô do carro. Da flanelinha para o canivete, o lugar é movimentado em frente ao clube de campo da cidade. E ninguém viu.

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